Arquitetura: o que descobrimos com os estádios da Copa do Mundo?

A Copa do Mundo de 2022 está dando o que falar, e não só por causa do futebol. Este ano, a arquitetura ganhou protagonismo, com estádios icônicos, desenvolvidos de um jeito sustentável.

Maior evento esportido do mundo, a Copa começa em novembro, no Catar. Ao todo, foram preparados oito estádios para receber as competições.

Alguns deles já existiam e passaram por reformas. Contudo, grande parte dos estádios foi construída especialmente para a Copa do Mundo.

Apesar de ser um país geograficamente pequeno, o Catar é bastante rico. E isso se reflete na arquitetura e na infraestrutura preparadas.

Nas linhas a seguir, entenda quais lições de arquitetura podemos aprender com a preparação para a competição.

Sustentabilidade permeia arquitetura da Copa do Mundo do Catar

Estádio Al Thumama tem certificação em sustentabilidade (Foto: Marco Verch)

Muito se fala na importância de adotar soluções sustentáveis para frear os impactos ao meio ambiente causados pelo consumo e pelas construções.

E essa foi uma preocupação com a arquitetura da Copa do Mundo do Catar. O país ainda foi além, preparando também o entorno dos estádios e as cidades que vão receber os jogos como um todo.

Um exemplo é o estádio Al Thumama. Ele recebeu certificação quatro estrelas do Sistema de Avaliação de Sustentabilidade (GSAS).

Para ter uma ideia, ele é capaz de economizar 40% de água, em comparação com estádios comuns. Além disso, reusa água para irrigar áreas verdes dentro e fora da construção principal.

Outra iniciativa interessante é o uso de árvores e grandes áreas verdes para amenizar o calor. Afinal, são altas as temperaturas na região do golfo pérsico.

Nesse mesmo estádio, há um parque integrado com 50 mil quilômetros quadrados integrados. No local, árvores nativas cobrem 84% da área.

E uma estrutura que não poderia ficar de fora é a do Estádio 974, que antes era chamado de Ras Abou Aboud.

Sua estrutura é praticamente toda em containers reciclados de navios. O estádio fica na zona portuária e vai ser totalmente desmontado após a Copa do Mundo. No lugar, será construído um complexo voltado para a comunidade.

Cultura é expressada na arquitetura dos estádios

Apesar de ser uma competição internacional, o Catar não deixou de lado a expressão da sua cultura na arquitetura dos estádios da Copa do Mundo.

Ainda falando sobre o estádio Al Thumama, tem fachada inspirada na Gahfiya. A touca é tradicional entre os homens muçulmanos.

Elementos da cultura do Catar foram incorporados à arquitetura dos estádios (Foto: Marco Verch)

Logo na partida de abertura da competição, também vamos ter contato com outro elemento cultural da região: as barracas nômades. Isso porque elas serviram de inspiração para o estádio Al Bayt.

Já o estádio Al Janoub (antes Al Wakrah), tem inspiração na cultura local de mergulhadores de pérolas, barcos veleiros e pescadores.

Outro estádio que se destaca nesse sentido é o Ahmad bin Ali. Ele traz diversos elementos que representam a cultura local. Sua estrutura reflete a beleza do deserto, da flora e da fauna. Além da importância da família, do comércio local e internacional.

Trazendo para a nossa realidade, é possível apostar em uma decoração cheia de brasilidade. Isso por meio de estampas e cores que refletem a nossa cultura, por exemplo.

Arquitetura da Copa do Mundo 2022 mira no futuro

Estádio Lusail será transformado em espaço comunitário após a Copa do Mundo (Foto: AFL Architects)

O anúncio de que o Catar seria o país-sede da Copa do Mundo de 2022 aconteceu em 2010. De lá para cá, houve a preparação da cidade para receber delegações e torcedores da melhor maneira possível.

Contudo, a competição acontece em um curto período de tempo: entre 21 de novembro e 18 de dezembro.

E como não é um país com forte tradição no futebol, o Catar também pensou na finalidade que seria dada a toda arquitetura pensada para a Copa do Mundo.

No Al Janoub, por exemplo, a capacidade para a Copa do Mundo é de 40 mil pessoas. Entretanto, quando a competição chegar ao fim, sua arquitetura está pronta para comportar 20 mil pessoas.

O espaço restante ainda vai dar lugar a estruturas que poderão ser aproveitadas pela população no longo prazo.

Unidades hospitalares, de recreação, espaços voltados para eventos, uma escola e até pistas de ciclismo e de hipismo vão ocupar o local do estádio.

Mais um exemplo é o estádio Lusail. Além da inspiração na cultura local, no fim da Copa do Mundo, vai dar lugar a um centro comunitário com escolas, lojas, clínicas de saúde, áreas voltadas para a prática de esportes e mais.

Generosidade é outra prática sustentável

Muito da arquitetura pensada para a Copa do Mundo do Catar não será aproveitada pela população. Afinal, são elementos desenvolvidos especialmente para a competição.

Entretanto, para não haver desperdício, uma prática adotada pelo país foi a doação de estruturas e materiais para países com maior necessidade. Ou seja, uma prática de sustentabilidade social.

Ainda sobre o Al Janoub, os demais 20 mil assentos que não serão aproveitados vão ser destinados a projetos que desenvolvem o futebol em outras regiões do mundo.

Também citado anteriormente, o Al Bayt tem design modular portátil. Após a Copa do Mundo, a estrutura vai para países em desenvolvimento que precisam de apoio para o desenvolvimento do esporte.

Arquitetura também aproveita elementos naturais

Arquitetura do Estádio da Cidade da Educação foi pensada para aproveitar melhor a iluminação (Foto: Marco Verch)

Com alta incidência solar e temperaturas elevadas, o Catar também soube usar a arquitetura a seu favor para a construção dos estádios da Copa do Mundo.

Ambientes refrigerados são uma premissa na região. Contudo, outras iniciativas contam pontos a favor da sustentabilidade dos projetos.

No chamado Estádio da Cidade da Educação, a arquitetura é como um “diamante no deserto”, com recortes que lembram a pedra preciosa.

Além da estética, o objetivo é refletir a luz solar durante o dia, tornando as temperaturas mais amenas, além de irradiar a luz à noite, potencializando a iluminação.

Com certeza, a Pointer está muito alinhada com as lições de arquitetura que podemos tirar dos estádios da Copa do Mundo.

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