A arquitetura e suas marcas no tempo através dos revestimentos
Dicas PointerJá reparou como a arquitetura é capaz de contar a história da civilização? Desde as primeiras estruturas de madeira criadas pelos pré-históricos até as mansões dos dias de hoje, houve uma longa caminhada que apenas as casas, apartamentos e revestimentos são capazes de contar.
E por falar em revestimentos, cada época teve a sua superfície. Rochas, madeira, mármore e até o chão de cacos refletem culturas, hábitos e tecnologias de cada século.
Neste post, você vai conhecer um pouco da história da arquitetura brasileira por meio dos revestimentos.
Ocas e malocas: revestimentos do Brasil pré-Brasil
Maloca indígena da comunidade Dessana Tukana, em Manaus/AM (foto: Lucia Barreiros)
A arquitetura vernacular é uma das principais marcas da arquitetura brasileira. Durante tantos séculos, diversas e impressionantes tipologias habitacionais foram registradas.
A principal construção é a maloca, ou seja, a casa onde a comunidade indígena mora. Já a oca é a casa individual. Todas elas ficam em aldeias chamadas tabas.
Arquitetura colonial: influência negra e europeia
Pelourinho une arquitetura europeia com o colorido africano(foto: Paul R. Burley/Wikimedia Commons)
A arquitetura colonial é aquela desenvolvida no Brasil entre os anos de 1530 e 1830, no período entre a chegada dos portugueses e a independência do país.
É um tipo de arquitetura que também foi desenvolvida com mão de obra escrava. Além disso, as condições econômicas eram diferentes dos países colonizadores, mesmo entre os europeus. Portanto, conta com influências principalmente africanas, indígenas e lusitanas.
Um grande exemplo é o Pelourinho. Apesar dos traços europeus, como as esquadrias e o alinhamento com as ruas, também traz o colorido marcante e herdado da África.
Azulejos
Revestimento Urbana Retro Mix, da linha Urbana, traz as cores e desenhos da azulejaria clássica
Azulejos são revestimentos cerâmicos quadrados, de pouca espessura e com uma face vidrada. Eles chegaram ao Brasil no século XVII, tornando-se parte importante da nossa arquitetura.
Os azulejos no Brasil foram feitos com a mesma técnica, materiais e, obviamente, gostos dos portugueses. A monocromia azul (em dois tons da cor) simplificava os processos de produção, principalmente porque o uso do cobalto era mais fácil que o das outras cores.
Terrazzo veneziano e o chão de cacos
Revestimento San Marco Grigio, da linha Lazer, é um exemplo moderno de terrazzo veneziano
O terrazzo veneziano é um dos revestimentos mais antigos da História. Na Grécia Antiga, os pisos feitos de pedras de riacho eram dispostos e misturados com cal ou argila. Mas foi em Veneza que a técnica se desenvolveu e ganhou fama.
Também chamado de granilite, o terrazzo veneziano volta como um revestimento limpo, colorido, fácil de colocar e que se destaca em qualquer ambiente.
Um \”parente distante\” do granilite é o famoso chão de caquinhos brasileiro. Ele surgiu em São Paulo, entre as décadas de 1940 e 1950, quando um operário de uma das duas maiores fábricas de cerâmica da época utilizou as sobras da empresa para revestir sua casa, pois não tinha dinheiro para comprar as lajotas que ele mesmo fabricava. O que era improviso virou arte e um dos principais revestimentos da arquitetura brasileira.
Cobogó: elemento brasileiro com inspiração árabe
Rodrigo Ambrosio, Itamácio dos Santos e Marcelo Rosenbaum com o cobogó Mundaú
Apesar de não fazer parte dos revestimentos, o cobogó faz parte da arquitetura nordestina e reflete nossa cultura e clima. O elemento vazado tem como nome a junção das sílabas dos três criadores:
Um exemplo de como o cobogó reflete o Brasil é o Mundaú. Criada pelos designers Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio e pelo artesão Itamácio dos Santos, a peça reaproveita cascas do molusco sururu pescado pelas comunidades ao redor da lagoa Mundaú, localizada em Maceió (AL).
Como visto, a arquitetura, a decoração e os revestimentos contam um pouco da nossa história. Cada casa — seja ela uma palafita, seja ela uma mansão — reflete diversos processos de construção (estéticos e tecnológicos) que se desenvolveram até chegar naquele resultado. Da oca ao teatro municipal, todo edifício conta uma história.
Gotou do conteúdo de hoje? E por falar em história e arquitetura, conheça o Forte de São José da Ponta Grossa!