Casa pós-pandemia: análise de Maurício Arruda

Você tem se indagado como a casa está se transformando pós-pandemia? A Covid-19 impactou o planeta e mudou uma série de hábitos da sociedade, inclusive de moradia. Essa necessidade abrupta de adaptações na casa deixou muita gente preocupada. 

Pensando nisso, Maurício Arruda fez uma reflexão sobre a casa pós-pandemia, em um vídeo para o IGTV da Pointer. O arquiteto é referência no Brasil, foi apresentador do programa Decora no GNT, e, sorte a nossa, é parceiro da Pointer. Nesse ano, ele acompanhou de perto as mudanças nas residências provocadas pelo coronavírus. 

De cara, foi preciso incorporar medidas de higiene ao dia a dia, como a utilização do álcool em gel e a lavagem constante das mãos. Depois, vieram as máscaras de proteção facial, novas peças do vestuário. Além disso, o vírus obrigou muita gente a repensar a casa sob todos os aspectos. O home office, por exemplo, tornou-se realidade, modificando a utilização dos ambientes e a rotina.

A convite da Pointer, Maurício apresentou as principais mudanças que tem visto na maneira de morar dos brasileiros. Escritório, hall de entrada e sala são os ambientes mais afetados. Confira a seguir as transformações em cada um deles:

Home office

Seja para evitar a transmissão do coronavírus, uma mudança na política administrativa das empresas ou consequência da perda do emprego – um triste efeito da recessão econômica provocada pela pandemia -, o trabalho em casa veio para ficar. Isso deve ser lembrado ao planejar uma casa. Para quem mora sozinho, a adaptação é mais fácil e passa por uma segmentação dos ambientes. Quem divide o espaço com outros membros da família, por sua vez, precisa garantir a tranquilidade necessária para realizar as atividades profissionais.

“A questão da privacidade e do silêncio é muito importante, tanto pela concentração, quanto pela convivência enquanto a pessoa está trabalhando”, pondera Arruda. Ele explica que é possível promover o isolamento acústico necessário com a instalação de divisórias, a preparação de um cômodo da casa ou a compra de aparelhos como fones de ouvido, dependendo da necessidade profissional e dos recursos financeiros disponíveis.

A preparação da casa para o trabalho passa pela mesa, que não precisa ser grande. “Não se trata de uma mesa para refeições, mas sim para o trabalho”, explica o arquiteto, que vê como medida ideal um produto que tenha um metro de largura por 50 centímetros de profundidade. “É o suficiente para uma cadeira e o computador”.

O móvel deve ficar próximo de tomadas ou de um local que receba réguas para ligar computador, impressoras e outros itens de trabalho, como iluminação para a realização de chamadas de vídeo. E as cadeiras? São um ponto importante nessa adaptação. Devem ser ergonômicas, garantindo conforto a quem for utilizá-las. 

Para evitar que seu cérebro entre em parafuso e consiga diferenciar qual é o local de trabalho e qual deve ser a área de lazer e descanso, exerça sua criatividade. Busque por espaços que não tenham utilidade na rotina para que eles sejam seu ponto de apoio profissional. Que tal trabalhar na varanda, se a iluminação permitir? Ou em um quarto que mal era utilizado ou virou depósito de tranqueiras? Ou, ainda, na sala de jantar que só recebe as atenções no dia de reuniões em família?

“Podemos falar até de lavabo, varanda, garagem, área de serviço. Esse pode ser o lugar de seu futuro negócio ou escritório. O grande desafio, em especial a quem começará a empreender dentro de casa, como costureiras, artesãos ou cozinheiras, é redimensionar a casa para seu negócio sem ‘roubar’ o espaço de sua residência, ou ‘roubando’ o mínimo possível”, explica Maurício.

Entrada

O consumo local ganhou força em tempos de pandemia. Não são poucas as pessoas que passaram a ter como fonte de renda a comercialização de refeições e outros tipos de produtos para seus vizinhos de condomínio ou de casas próximas. A praticidade e o baixo custo são dois fatores que impulsionam este tipo de negócio. E a produção? Ela acontece dentro da própria residência. Por isso, é interessante preparar o imóvel para um fluxo até então inesperado de vizinhos e clientes que vão retirar as compras.

Até pouco tempo sequer lembrado, o hall de entrada ganhou força nos últimos tempos. Não importa que ele seja pequeno ou grande, é preciso dar atenção a este local, em especial pela questão da higiene. Nele, podem ficar as pessoas que apenas passam pela sua residência para retirar os produtos comercializados. E para quem é da casa ou convidado para momentos de lazer, o hall também tem função. Pode abrigar um móvel ou uma sapateira para evitar a circulação de pessoas com calçados que acabaram de chegar da rua.

Sala

Para quem tem crianças, o maior desafio: organizar a sala para uma convivência harmoniosa da família. Os pequenos devem e precisam brincar, mas isso não significa que os brinquedos ficarão espalhados. Por isso, priorize a organização de espaços para que esses itens sejam guardados. E crie limites. Brincadeira tem hora e lugar. Evite que uma videoconferência, por exemplo, seja interrompida por gritos dos baixinhos. Ou que você tropece em um carrinho ou boneco ao se levantar para pegar um café.

“Esse espaço destinado às crianças pode ser delimitado por um tapete ou uma fita crepe”, diz Arruda, que revela um macete para conquistar a garotada. “Peça permissão, ou licença, para entrar no espaço que foi delimitado para elas. Quando você fizer isso, elas vão começar a valorizar”.

Revestimentos

A escolha dos materiais da arquitetura de interiores também foi afetada pela pandemia, claro. Os revestimentos cerâmicos se mostraram os mais adequados e seguros. São resistentes e na práticos para limpar, evitando a proliferação de vírus e bactérias, o que chamamos de bacteriostático. Além de ajudar a preservar a sua saúde, o revestimento do futuro reúne o melhor custo-benefício, com opções para todos os estilos e gostos.

Definitivamente, a pandemia veio para mudar a vida da sociedade. Manteve as pessoas por mais tempo dentro de casa e fez com que muitos valorizassem situações que não eram tão comuns anteriormente, como conviver mais com os familiares e se importar com o próprio lar. Ao permanecer por mais tempo no ambiente, é importante que o espaço seja ainda mais agradável.

Retrato Maurício Arruda: Alexandre Disaro