Bienal de Arquitetura de Veneza 2023: o Brasil no evento
Dicas PointerA Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 é um dos maiores eventos de design e arquitetura do mundo. Essa é a 18ª Mostra de Arquitetura (18 MIA), que acontece na Itália entre 20 de maio e 26 de novembro.
Com o nome original de La Biennale di Venezia Architettura, a bienal de 2023 tem como temática O Laboratório do Futuro. Como protagonista, o continente africano, considerado o berço da humanidade.
Contudo, diferentes pavilhões poderão ser visitados durante a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023. Entre eles, um espaço dedicado ao Brasil, com curadoria de nomes nacionais: Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 lança olhar sobre o futuro
A partir das origens, ou seja, do continente africano, a Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 lança um olhar sobre o futuro, com perspectivas e tendências que devem ser vistas no mercado nos próximos anos.
Essa busca pela ancestralidade visa trazer não só novas estéticas, mas também a construção de um futuro com mais igualdade e justiça.
Afinal, a África ainda é um continente que sofre com questões de equidade e raça. Mas, apesar de serem colocados na condição de “minoria” por muita gente, na verdade têm povos e territórios minorizados. Ou seja, são maioria global, mas sofrem preconceitos que os colocam em posição de inferioridade.
Na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, a ideia é desfazer esse conceito. Para isso, foram convidados diversos profissionais, que mergulharam na proposta da exposição para imaginar um futuro diferente.
Ao longo da exposição, poderão ser vistas diversas discussões. Incluindo temas como políticas, conflitos, terras, fronteiras, culturas, identidade, globalização e migração.
E é por meio dos eventos organizados por instituições internacionais que os visitantes poderão ver como esse novo futuro se concretiza na prática.
Afinal, os profissionais convidados experimentaram, buscaram pela diversidade e vão mostrar tudo na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023.
Além das exposições, o evento também vai contar com iniciativas voltadas para a educação. Elas englobam escolas, universidades, profissionais, famílias, empresas, visitantes e amantes das artes.
Será possível participar de iniciativas individuais ou em grupo, o que vai permitir o envolvimento com a temática da Bienal de Veneza. De maneira geral, elas se dividem em passeios e oficinas/interações.
Pavilhão brasileiro tem curadoria de nomes nacionais
Gabriela de Matos e Paulo Tavares são os curadores do pavilhão do Brasil (Foto: Divulgação/Fundação Bienal de São Paulo)
A Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 tem curadoria de Lesley Lokko. Ela é arquiteta e acadêmica, além de uma romancista ganense-escocesa.
Seu nome foi escolhido graças à experiência acerca do tema, o que torna o evento ainda mais enriquecedor.
Para se ter uma ideia, Lesley fundou o African Futures Institute (Gana). Trata-se de uma escola de pós-graduação em arquitetura, além de uma plataforma para receber eventos públicos.
A curadora também é responsável pela criação da Graduate School of Architecture em Joanesburgo (África do Sul). Sem falar que já lecionou em países africanos, além de europeus e nos Estados Unidos. Graças a essa contribuição no ramo da educação, Lesley recebeu vários prêmios.
Para além da curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 em si, há profissionais responsáveis pelos conteúdos de partes específicas da exposição. No pavilhão do Brasil, por exemplo, foram convidados Gabriela de Matos e Paulo Tavares.
A escolha não poderia ser diferente. Afinal, os dois arquitetos contribuem com diálogos que envolvem questões como raça, cultura, gênero e pedagogia.
Para o pavilhão do Brasil, foi escolhido o nome “Terra”. E é a partir desse material orgânico que se desenvolve a base do país. Seja em concepções ou imaginários de formação nacional.
Além disso, a terra remete ao pertencimento, ao cultivo, ao direito e à reparação. Sem falar em outros pontos do imaginário brasileiro.
Saiba como vai ser o pavilhão do Brasil
Cachoeira Iauaretê é uma das inspirações para o pavilhão Terra (Foto: Vincent Carelli)
Assim como no caso do tema central da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, o pavilhão do Brasil também lança um olhar sobre o passado do país para projetar um futuro melhor.
Contudo, isso acontece por meio da terra. Ela serve como base para filosofias e narrativas tanto de povos indígenas quanto afro-brasileiros. Afinal, são eles os grandes responsáveis pela construção da cultura brasileira.
Portanto, no pavilhão do Brasil a abordagem vai além dos territórios e das demarcações de terras em si, passando também por geografias culturais. Dessa forma, a terra aparece no pavilhão tanto de forma poética, como literalmente.
Todo espaço foi aterrado, demonstrando moradias indígenas, quilombolas e sertanejas, além de terreiros de candomblé.
Um grande impacto visual e cultural poderá ser percebido logo na entrada do pavilhão. Afinal, os elementos dessas moradias aparecem em contraste com o prédio moderno da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023.
A entrada ainda traz elementos como os gradis, que são muito usados em diversas cidades brasileiras. Eles são símbolos de sankofa, um sistema de escrita conhecido como Adinkra, dos povos açã, da África Ocidental.
Quem passar pela Bienal de Arquitetura de Veneza 2023 vai poder conferir duas galerias com a temática brasileira. Confira mais detalhes na sequência.
Primeira galeria
Com o nome de “Brasília Território Quilombola”, a primeira galeria leva a reflexão sobre a construção da capital brasileira.
Isso porque, para existir, povos indígenas e quilombolas precisaram ser removidos, tal como acontecia desde o período das Bandeiras.
Empurrados para periferias, esses povos fazem parte do retrato do modernismo no país, revelando a complexidade, a diversidade e a pluralidade brasileira.
No espaço da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, o contraste entre as periferias e a cidade moderna serão revelados por meio de uma obra audiovisual, a seleção de fotografias de arquivo, um mapa etno-histórico do Brasil, além de um mapa de uma Brasília quilombola.
Segunda galeria
Terras indígenas e quilombolas tendem a ser mais preservadas (Foto: Divulgação/Fundação Bienal de São Paulo)
Ao seguir pelo pavilhão do Brasil, será possível chegar aos “Lugares de Origem, Arqueologias do Futuro”. Por lá, começa a projeção de dois vídeos.
Em seguida, memórias e arqueologia da ancestralidade são reveladas. Então, projetos e práticas socioespaciais começam a ser demonstrados a partir do conhecimento de indígenas e afro-brasileiros. Afinal, eles detêm grande conhecimento sobre terra e território, tendo muito a ensinar.
Isso fica claro a partir de pesquisas científicas que comprovam que seus territórios são os mais preservados do Brasil.
Além da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, há outras maneiras de entender como levar a cultura nacional para a decoração. Saiba como inserir a brasilidade no design e na arquitetura!